quarta-feira, 16 de março de 2011

Cravinhos, 135 anos. O passado, o presente e o futuro.

O passado.
Foto de 1969, gentilmente cedida por Francisco Cavalcanti - Jornal a Tribuna Regional.
Uma família da aristocracia fluminense em busca de novas terras que lhes dessem oportunidade para expandir a cultura do café e uma região de terras férteis por ser explorada. Numa época em que a monarquia vinha mostrando sinais de superação num estado que estava por descobrir suas potencialidades na agricultura.
Neste contexto surge a cidade de Cravinhos! O ano era de 1876. O local, interior de São Paulo no chamado planalto ocidental paulista. Em terras que viriam a se destacarem como as mais rentáveis para produção do café no Brasil e no mundo.
A cafeicultura, a ferrovia e a família Barretos figuram entre os principais elementos responsáveis pelo surgimento de tal localidade. O capital falou mais alto, mas os braço fortes dos escravos e demais trabalhadores que passam muitas vezes desapercebidos pela história agiram decisivamente na construção dos primeiros edifícios de onde nasceria Cravinhos. 
Uma estação ferroviária construída às pressas e a chegada dos trilhos se tornam marcas indeléveis e entraram para a história da cidade. Nos primeiros anos uma única rua se destaca. O alvorecer do século XX é assistido pelos cravinhenses da rua XV de novembro, de certa forma que o Prof. Francisco Gomes, ao observá-la, por volta de 1922 a considerava a artéria principal de Cravinhos. Tem extensão de 800 metros compreendidos em 7 quarteirões, e a largura de 13 metros.
Por esses anos a população do município figura em torno de 30 mil habitantes, concentrados principalmente na zona rural. Era época do apogeu do café. A jovem cidade pululava em agitações comerciais em torno do café e das movimentações comercias promovidas pela rubiaceia. Sete estações ferroviárias atestam tal desenvolvimento.
A decadência do café vinha assombrando os produtores a algum tempo. Os anos de 1930 trouxeram as mudanças que vinham se anunciando. A quebra da bolsa de Nova Iorque, o golpe de 1930 e um projeto de industrialização do Brasil agem como significativos modificadores em Cravinhos e toda região.
Novas práticas agropecuárias se firmaram e se expandiram. Não tardou para que o café fosse substituído pela cana-de-açúcar, que nos anos de 1970 dava os primeiros sinais de que faria história.
Agora não mais as ferrovias e o café, mas sim a cana-de-açúcar, as usinas e uma industrialização que procurava terras mais viáveis para suas instalações. Terras não necessariamente férteis em solo, mas férteis em possibilidades de transporte e de fácil comunicação e mão-de-obra.
O alvorecer do século XXI se aproxima. Nos últimos 15 anos do século XX Cravinhos se afirma como uma cidade que atraí indústrias e se insere numa lógica agroindustrial canavieira. O que outrora era a região que mais produzia café no mundo, agora a cana-de-açúcar é o produto principal.
Presente.
Foto da rua XV de Novembro na hora do espediente bancário. Alexandre de Freitas (2010)
Foram 135 anos! Cravinhos da atualidade tem suas faces. Suas belezas. Seus problemas. Sua gente. Um contexto que pode ser percebido das mais diferentes formas. Dependendo de quem analisa e do por que se analisa.
Cravinhos pode ser percebida como a cidade do clima agradável e dos nevoeiros surpresas. Ou ainda como a cidade às margens de uma rodovia que a liga com a capital do estado e com a capital federal, próxima a uma das mais dinâmicas cidades do Brasil – Ribeirão Preto. Pode também ser percebida como uma cidade onde a infraestrutura poderia ser melhor, onde as ruas fossem mais limpas...subjetividades!
O que nos liga aos lugares são vínculos que não são fáceis de explicar. São detalhes às vezes desapercebidos. É o estranho sentimento de pertencer. De notar nossos filhos crescendo por essas plagas. De acordar com aquele ar fresco tocando o rosto e sair à rua onde ainda as pessoas nos cumprimentam. É viver! É sentir! É Cravinhos!
Futuro.
Foto da igrejinha São Benedito, ao cair de uma tarde no início de 2008, antes do desmoronamento.
Alexandre de Freitas.
Nossas ações atuais são as responsáveis pelo nosso futuro. O ser humano tem a capacidade de mudar o seu entorno. Atua de forma que suas atitudes causam efeitos, sejam bons ou ruins. Decifrá-las se faz mister.
Uma fórmula eficaz é aprender com os erros e mantermos os acertos. Olhar para o futuro sem medo, de forma coerente e responsável. Ter compromisso com novas gerações.
Para que uma atitude mental positiva e modificadora seja realidade precisamos agir. Incentivos que levam as pessoas a ampliar o conhecimento, a ter contado com as mais diversas culturas e expressões artísticas, são ferramentas indispensáveis. Todos somos chamados a contribuir. Se o homem vale por suas obras, estas, por dobradas razões, são as mais eficientes.
Queremos uma cidade plural e inclusiva, onde o meio ambiente, a cultura, o acesso aos bens materiais, a harmonia e a paz sejam perceptíveis e acessíveis. Mas, não queremos de braços cruzados. Com críticas sem fundamento e parciais. Não que não seremos críticos. Sim! Seremos críticos. Coerentes. Fundamentados. Operantes.
Nossas atitudes hão de se espalhar. Cravinhos – a nossa terra – de escolha, de nascimento, de passagem de vínculos com o passado haver-se-á de ser melhor. Para isso, usamos o passado, agimos no presente para modificarmos o futuro.
Texto: Alexandre de Freitas.

3 comentários:

Milu disse...

Que ótimo ver um blog de Cravinhos. Minha mãe e suas irmãs nasceram nesta cidade, mas foram para Franca ainda pequenas. Eu não conheço Cravinhos,mas se Deus quiser um dia vou conhecer.Enquanto isto, fico conhecendo online, a terra onde meus avós moraram e minha mãe nasceu.Pelo que vejo é linda!

Jeferson disse...

Que ótimo ver um blog de Cravinhos. Minha mãe e suas irmãs nasceram nesta cidade, trabalharam em fazendas de café, mas vieram para São Paulo. Eu não conheço Cravinhos,mas se Deus quiser um dia vou conhecer.Enquanto isto, fico conhecendo online, a terra onde meus avós moraram e minha mãe nasceu.Pelo que vejo é linda!

Unknown disse...

Nossa que texto lindo.meus bisavós vieram da Itália e criaram tais aí numa fazenda chamada vigor que pertencia ao João de bernardini, meu bisavô. Hj estou a procura de certidão de óbito dele para dupla cidadania. Não sei se existem cartórios aí? Gostaria muito de saber se meu bisavô deixou algum legado na cidade.

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