terça-feira, 30 de setembro de 2008

A Princesinha d'Oeste

No ano de 1954, houve um concurso promovido pela revista " Cravinhense" para escolher um cognome para Cravinhos e :"Feita a seleção final, apurou-se que as sugestões mais aproveitáveis giravam em torno do apelido cidade Sorriso." porém, existia cidades que já tinham esse cognome: São Carlos e Curitiba.

Entre os cognomes votados havia um expressivo : "Princesinha d'Oeste" que parecia a forma mais carinhosa de se referir à cidade naquela época.

A mesma revista enfatiza: "Vamos oficializar o nosso cognome?" pois é: "perfeitamente aplicável a Cravinhos. Nasceu dos cravinhenses, sugerido que foi por numeroso dos participantes do concurso por nós promovido."


De nossa parte, ao que consta, parece que esse cognome não se popularizou!
Vale lembrar que a expressão Oeste Paulista era usada para identificar as terras do estado de São Paulo que ficavam à oeste da então capital nacional, a cidade do Rio de Janeiro, terras que eram famosas pela qualidade do solo e a topografia pouco acidentada, ideal para a cultura do café e que atraía muita gente. Em relação à São Paulo, Cravinhos se localiza à noroeste do estado de São Paulo. Porém, nada desabona o gentil e alegre apelido. Por que será que ele não pegou?
A revista traz um bonita ilustração de capa que segundo ela [a revista Cravinhense] é uma obra do autor Orlando Mattos inspirada pelo apelido de Cravinhos.

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Capa da revista "Cravinhense" de 1954.
Nota-se o desenho de Orlando Mattos, a simpática princesinha com uma coroa de ramos de café em sua cabeça, símbolo do progresso da região.


Fonte:
Revista Cravinhense. 22 julho de 1954. Edição comemorativa do IV centenário da cidade de São Paulo, no 57º aniversário de Cravinhos. Gráfica São Sebastião, Ribeirão Preto.

Nota de agradecimento:
À Francisco José Cavalcanti da Silva (proprietário e editor responsável da revista e do jornal "A TRIBUNA" de Cravinhos), pela infinita gentileza de ter cedido a revista Cravinhense.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A opulência pretérita constatada nos patrimônios arquitetônico.



Alguns prédios históricos de Cravinhos.




Uma das formas de analisar o passado de uma cidade é através dos seus imóveis, prédios públicos, religiosos, residenciais; entre outros. Esses, normalmente, são uma expressão fiel da representação econômica e cultural de uma localidade, são reflexos de uma época.


Cravinhos foi uma cidade que surgiu e obteve um relativo desenvolvimento na época de ouro do café. O núcleo do pequeno povoado surgiu em 1876, em 1893 foi criado o Distrito de Paz, em 1897 teve a elevação à município. E em 1900, sua população era de aproximadamente 30.000 habitantes. Para fins de comparação, no mesmo ano Ribeirão Preto tinha aproximadamente 60.000 habitantes. Hoje (2008), passados 108, anos Ribeirão Preto possui em torno de 550.000 habitantes e Cravinhos 30.000 habitantes. Nota-se, asssim, que Cravinhos manteve um crescimento urbano estagnado. Ao longo desses 108 anos, a população cravinhense veio decaindo e nunca mais atingiu a cifra de 1900.


Esse fator, discutido por mim, no livro: "Cravinhos: contribuições históricas e geográficas" parece ter contribuído para a preservação de alguns prédios em Cravinhos. Infelizmente muito deles em mal estado de conservação.


Ao observar esses prédios, sem maiores análises, percebemos que eles representam uma época em que a cidade se desenvolvia em pé de igualdade com outras da região.


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Vale lembrar que nossa intenção é chamar a atenção da opinião pública para que eles sejam melhor conservados, ou seja, que o poder público seja pressionado e coloque em prática uma política de preservação-conservação desses prédios, pois muitos já passaram por reformas e foram descaracterizados.




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Vejamo-os:


Mercado municipal.
Inaugurado em 1º de novembro de 1914, tem forma octogonal, originalmente armazéns vendiam produtos nas laterais interiores do prédio e no centro havia uma "piscina" onde ficavam outros vendedores. Atualmente há um mercado em estilo trivial, mas nota-se um notável teto com forro em madeira intrelaçada e uma construção que antigamente armazenava água situada bem no centro.
Localiza no centro da praça João Nogueira, hoje bem arborizada.



Antigo prédio que abrigava a cadeia pública de Cravinhos.

Inaugurado em 9 de julho de 1919, hoje abriga a delegacia de polícia. Esse prédio é um dos mais conservados da cidade.












Grupo Escolar João Nogueira. Inaugurado em 24 de maio de 1915, hoje ainda é uma escola municipal com o mesmo nome.

Uma arquitetura surpreendente. Com certeza representa uma época em que a escola era para uma classe mais abastada.












Igreja São Benedito. Inaugurada em 1888, portanto com 120 anos. Era de propriedade particular e foi passada para a poróquia São Benedito. Está muito mal conservada, já foi assunto de discusão nos jornais de Cravinhos: A Tribuna Regional e Folha de Cravinhos.


No jornal Folha de São Paulo, Cotidiano, p. C10, do dia 20 de Set. 2008, uma reportagem sobre uma igreja de Araraquara mostra um significativo interesse pela preservação de patrimônios históricos -"Padre pinta fachada de igreja tombada sem aval do órgão do patrimônio"- o prédio em si está conservado a revindicação está baseada na pintura que foi inadequada com as características originais. Essa igreja [de Araraquara] completou 100 anos este ano.


Uma preocupação semelhante a essa não existe em Cravinhos. Em análise visual pormenorizada, na Igreja São Benedito identifica-se rebocos soltos e infiltrações. Não existe uma efetiva preocupação em conservá-la. Ou, pelo menos, se existe, não se tornou pública.




Esse prédio assobradado localiza-se no início da rua XV de Novembro, abriga uma loja de eletrodomésticos e está bem conservado. Que ele possa pernanecer assim.














Memorial Casa Libanesa. Muito bem conservado, ao que parece mantém características originais. Não temos mais informações sobre esse prédio. Situa-se na rua XV de Novembro.












Esse prédio, um dos mais imponetes, não está conservado como devia e vem passando por alterações em suas características originas. Localiza-se na rua XV de Novembro esquina com a Floriano Peixoto.








Além desses prédios que expomos há outros que passaram por alterações em suas fachadas - o antigo teatro Éden e a igreja São José, matriz, são exemplos - outros; residenciais e comerciais, guardam características do início do século XX e, também, não estão tendo o cuidado que mercecem.

Fontes:

FREITAS, Alexandre de. Cravinhos: contribuições históricas e geográficas. [obra registrada mas não publicada] edição do próprio autor, 2008.

GOMES, F. Cravinhos: histórico, geográfico, comercial, agrícula. Ribeirão Preto: Tipografia Telle,1922.

Fotos tiradas por Alexandre de Freitas em 2008.

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